É isso que o Neu Lopes pensa de mim - apresentação do meu livro "A fita cor-de-rosa" | Dai Varela

4 de junho de 2014

É isso que o Neu Lopes pensa de mim - apresentação do meu livro "A fita cor-de-rosa"


Durante o lançamento do meu livro infanto-juvenil convidei duas pessoas queridas: Ana Cordeiro e Neu Lopes para fazerem a apresentação da obra e do autor.

Agora coloco aqui o discurso do Neu Lopes, proferido no Auditório do Centro Cultural do Mindelo, na terça-feira (3), e que me deixou muito feliz. Muito agradecido nha broda:


(da esquerda) Neu Lopes; Dai Varela e Ana Cordeiro na apresentação do livro "A fita cor-de-rosa"

Sinto-me honrado por ter sido escolhido pelo meu amigo e colega Odair, Dai Varela para fazer parte deste momento importante da vida dele. 

Na verdade sinto-me duplamente honrado porque se trata de uma obra com a assinatura de dois amigos meus; o Odair, Dai, que conheci na Universidade Lusófona de Cabo Verde mas que para mim é como se fosse um amigo de longa data e o Rogério, o Roger, que é um velho amigo, desde os tempos de trocas dos livros de banda desenhada que armazenávamos em caixotes guardados geralmente em baixo de nossas camas.

O Rogério foi desde sempre um grande desenhador, criativo e com veia de designer, ou não seria ele, na minha humilde opinião, um dos maiores designers que conheço. Num país em que a B.D. é ainda uma aventura e as publicações infanto-juvenis podem ser contadas a dedos, a ilustração é uma saída inteligente, sobretudo no domínio desse género literário. Daí o meu respeito e admiração para o meu amigo e artista Rogério Rocha que ainda tem à frente um futuro brilhante. Aliás, o conto de Odair Varela é inteligentemente ilustrado pelo Rogério, com personagens bem caraterizadas e expressivas, para além de ambientes e cores bem definidos, como manda o figurino.

Mas no presente, hoje, é momento de falar deste outro meu amigo aqui a meu lado, Dai Varela. Digo que é digno da minha admiração e respeito aquele que se juntava a mim na universidade para reivindicar os nossos direitos, chamar a atenção dos colegas para que fôssemos referência dentro e fora da universidade. Unidos também pela paixão pela escrita e pela blogosfera num momento em que se atiçavam as opiniões críticas às questões sociais culturais e outras demais criamos o nosso blog universitário que, durante muito tempo, era querido por alguns e temidos por outros. Paralelamente assegurávamos matéria para os nossos blogs pessoais; eu com o “Boca de Tubarão” e o Odair Varela com o “Dai Varela – Crioulo n’Descontra”, ao lado de resistentes e desistentes entre Café Margoso, Blog do Hiena, Bianda, Esquina do Tempo, Plurim, entre outros.

Quanto mais não seja, a vontade de escrever de Odair Varela, aliada à sua preocupação com factos da vida real mindelense e cabo-verdiana, também a um humor e, por vezes, sarcasmo caraterístico fizeram de “Crioulo n’Descontra” um dos mais acessados blogs de Cabo Verde, contendo artigos com centenas e milhares de visualizações, reações e comentários. 

“Crioulo n’Descontra” é um fenómeno que desafiou cabo-verdianos aqui e na diáspora a escreverem ficção. Uma aventura que só corajosos como Dai Varela conseguem levar a bom porto.

O público parece concordar com todos os elogios, kkkkkk

E agora mais um atrevimento: o lançamento de um livro infantojuvenil, como obra de apresentação – uma grande responsabilidade para com um público-leitor muito exigente – as crianças. 

Contudo, não se trata do primeiro conto de Odair Varela e nem do único género que escreve. Dai Varela é um cronista com um humor refinado e atento a muitos males sociais. Por outro lado sabe reconhecer o trabalho dos outros fazendo com que as obras sejam conhecidas através do seu blog em artigos bem estruturados. 

Lembro-me do Odair ter-me enviado uma vez uma peça de teatro, cheio de humor, é claro, para analisar. Lembro-me também de vários contos, alguns publicados no seu blog.

Portanto não me surpreende que o autor tenha escrito este conto que temos agora o prazer de ler. Um conto infantil fora do comum, sem uma moral final e bem definida e sem o clássico de Grimm “e viveram felizes para sempre”. Um final cru e definitivo que deixa no ar muitas perguntas: o que aconteceu depois? Será o conto um círculo da vida? Será que o autor queria mostrar às crianças que a vida não é um conto de fadas? É um alerta sobre a nossa dura realidade oportunista e cruel? Bom isso fica ao critério das crianças, dos pais, dos leitores. 

E numa época em que as novas tecnologias, não substituem mas tomam conta dos espaços outrora ocupados apenas por livros, Odair Varela joga pelo seguro, pondo seu livro à venda na Amazon. Assim, os leitores poderão escolher entre uma versão digital para plataformas digitais e uma impressa que será entregue no domicílio.

Mindelo agradece, Cabo Verde agradece, as crianças agradecem. A partir de agora sei mais uma história para contar minha filha ao deitar-se. Uma exigência de muitas crianças, mesmo tendo acesso a vários canais infantis e juvenis, internet, tablets e toda essa panóplia de gadgets e tecnologias que por aí proliferam.

Há um longo caminho a percorrer e muito para aprender, mas faço votos que, com humildade, perseverança, força de vontade, coragem e muito trabalho, Odair Varela, com a sua peculiar forma de escrever, venha a ser, num futuro próximo, uma referência na literatura nacional.

E para finalizar a minha intervenção dou os meus parabéns ao jovem jornalista, agora também escritor que marca um feito: um livro que se esgota antes do seu lançamento, obrigando o autor a pensar já numa segunda edição.

Um bem haja ao Odair Varela. Sucessos e que venham mais!

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