António Pedro Silva - ADECO |
No momento em que se fazem obras de requalificação da praia daLajinha, Mindelo (Cabo Verde), disponibilizo aqui as sugestões do presidente da
Associação de Defesa dos Consumidores (ADECO), António Pedro Silva, para
melhorar a requalificação da praia mais emblemática da cidade.
António Pedro Silva
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CP: 330
Mindelo
S. Vicente,
Cabo Verde
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tonecasilva@gmail.com
antoniopsilva_cv@ yahoo.com.br
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Ao Sr.
Eng. Franklym Spencer
PCA da ENAPOR
Mindelo – Ilha São Vicente
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Praia, 08 de Agosto de 2013
Assunto: Sugestões parar melhorar a requalificação da Praia da Lajinha
enquadrado nas obras da expansão do terrapleno de contentores
Introdução
Há uns anos atrás, aquando da
apresentação às entidades da ilha de São Vicente o projeto preliminar da
expansão do terrapleno de contentores na Baía do Porto Grande, alertei para o
impacto dessa construção na prática dos desportos náuticos como o “surf” e “body
board” junto as instalações da ELECTRA, na pesca de lazer praticada a frente da
alfandega, tendo inclusive sugerido que a ENAPOR promovesse medidas
compensadoras ou contrapartidas como o acesso da população a orla do futuro
terrapleno para jogging, passeios familiares e pesca de lazer e não só como
acontecia antigamente no “cais acostável” e da necessidade de reduzir o impacto
nos desportos náuticos etc. Na altura, que me recorde, não se contemplava o
esporão junto da ELECTRA. Nessa sessão manifestei a minha surpresa pelo não
envolvimento / participação das autoridades municipais.
Essas preocupações foram
reforçadas posteriormente nas nossas conversas informais principalmente aquando
dos “banhos” na Lajinha… que dantes frequentava com assiduidade. Na altura
assegurou-me que de forma alguma iria tomar qualquer medida que pusesse em
risco a praia da Lajinha.
Constatações
Constato com prazer que se
contemplou na expansão do terrapleno um passeio pedonal e algo como um
miradouro. Penso que o alargamento da praia da Lajinha é globalmente positivo.
Contudo algumas medidas paliativas podem e devem ser implementadas.
No período colonial os
sanvicentinos dispunham de trampolins para mergulhos na praia da Matiota (a
praia predileta do povo, devorada pela CABNAVE), havia tanques/piscinas onde as
crianças podiam nadar em segurança, havia lugares para guardar roupas, etc. Um
enorme retrocesso que deveria envergonhar á todos e que urge reverter.
Durante as recentes campanhas
eleitorais autárquicas praticamente todas os candidatos prometeram a população
piscinas oceânicas, incentivo ao desporto náutico, etc…
É um paradoxo Cabo Verde ser um
país arquipelágico, um país de marinheiros e não competir em natação, mergulho,
etc.. e pior, onde a maior parte da população não sabe efetivamente nadar.
Contextualize este facto no projeto do Cluster do Mar…
Sugestões de medidas
Neste momento, com um pouco de
imaginação e a custos reduzidos e com enormes benefícios, inclusive para a
própria ENAPOR -pois seria um elemento de marketing fantástico, a ENAPOR pode e
deve:
1. Instalar
trampolins estandardizados para a prática de saltos /mergulho desportivo e de
lazer quer na no esporão em construção quer no terrapleno.
2. Aproveitar o esporão ou/e o terrapleno para
construir uma ou mais piscinas oceânicas, inclusive para prática desportiva
/competição bem como para aprendizagem técnicas de natação e para crianças. Boa
parte da obra já está feita. É o consumo
sustentável e a otimização e utilização racional dos recursos; não precisa de
bombas, nem de produtos químicos, nem de eletricidade…nem de água potável.
3. Na zona entre o esporão e a Cabnave podem e
devem ser instalados “equipamentos” simples que fazem aumentar o tamanho das
ondas para permitir uma boa prática do “surf” e do “body board”. O que me
consta é que esses “equipamentos” para aumentar a altura das ondas são meros
sacos de areia, colocados criteriosamente. Há experiências várias: Austrália,
Portugal etc… Os jovens do Clube SkyboSurf saberão melhor informar e
aconselhar… gratuitamente.
4. Com
o alargamento da praia, recifes e corais irão ser soterrados pela areia.
Acredito que se poderá deslocar alguns desses recifes e corais algumas dezenas
de metros para não serem soterrados, permitindo a sua continuidade e
sobrevivência para algumas espécies. A lajinha poderá não ser o melhor
“berçário”, mas que é um berçário relevante, é com certeza.
No que for útil, poderá contar
com a minha colaboração.
Cordialmente
António Pedro Silva
PS. Ao elaborar estas sugestões
ocorreu-me o artigo “Para não Hipotecar o futuro do Porto Grande” que publiquei
nos anos noventa no jornal A Semana, em que defendia que o terreno da
Ex-Frigorífica devia ser uma reserva para expansão da zona portuária e não para
imobiliária… E que o Governo e a Câmara Municipal deveriam agir de imediato…
Não só se teria evitado essa aberração arquitetónica e ambiental como o país
não precisaria de construir sobre o mar, poupando milhões.
CC:
·
Ministra
Adjunta e da Saúde
·
Ministra
das Infra-estruturas e Economia Marítima
·
Ministro
do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território
·
Ministro
da Educação e Desporto
·
Presidente
da Câmara Municipal de São Vicente
·
Presidente
do INDP
·
Clube
SkyboSurf
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