Em Conversa com: Isabel Lobo (Docente na Universidade Lusófona CV) | Dai Varela

3 de fevereiro de 2011

Em Conversa com: Isabel Lobo (Docente na Universidade Lusófona CV)


O que pensa da situação cultural de São Vicente em 2010?

Isabel Lima Lobo
Relativamente às questões de cultura em São Vicente há vários pontos de abordagem. Primeiro precisamos saber o que é que consideramos cultura nesta ilha. Se é aquela que é tradiciocional ou se é a cultura difundida pelos mass media. Que tipo de cultura temos cá? Relativamente à cultura tradicional, de há uns anos a essa parte, a festa de São João tem ganhado mais espaço em relação aquilo que era antes dos anos setenta. Quanto ao carnaval, enquanto manifestação cultural, está tornando-se muito atípica, ou seja, está tornando-se num modelo muito internacional que não reflecte aquilo que é uma manifestação característica deste povo. Parece que estamos tentando aproximar-nos de outros povos. 

São Vicente em termos tradicionais perdeu bastante em relação aos anos oitenta. Porque a cidade cresceu, há vários outros assuntos para resolver e aquela característica de manifestações espontâneas de música à porta de uma casa praticamente que vão desaparecendo. Penso que neste momento a música está seguindo mais o caminho de profissional comercializável e isso não é bom para nossa cultura. 


Espera um 2011 com novidades?

É difícil fazer futurologia, mas não creio que a cultura e os seus agentes normais e espontâneos estejam muito preocupados e numa dinâmica diferente daquela que oferecem neste momento. Essa nova dinâmica que se pretende para a cultura neste novo ano em São Vicente, tanto pode vir de um jovem como de um velho, mas tem que vir necessariamente de um artista. Para mim não há jovem artista ou artista velho. Há artista. Se ficarmos à espera da cultura institucionalizada, de pacote, aquela que vem embalada teremos necessariamente um mau ano. Mas se houver manifestações espontâneas, mas até certo ponto organizadas, mas que tenham características que satisfaçam as necessidades desta população, penso que teremos um bom ano. Depende da perspectiva que se está tratando a cultura.


Publicada (também) no Artiletra - Jornal-Revista de Educação, Ciência e Cultura de Dezembro/Janeiro de 2011 - Nº 108


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