Jornal de Letras de Portugal destaca novos autores de Cabo Verde



O Jornal de Letras, a publicação portuguesa quinzenal de informação especializada que aborda diversas áreas da cultura (literatura, teatro, cinema, música, etc.) deu uma grande cobertura ao VI Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, e deu destaque a nós, os novos autores de Cabo Verde.

Este VI Encontro de Escritores, organizado pela UCCLA – União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, aconteceu na cidade da Praia, nos dias 1, 2 e 3 de fevereiro, teve direito a duas páginas do Jornal de Letras com o título “VI Encontro de Escritores da UCCLA - Nos portões da Lusofonia”

A edição de 17 de fevereiro a 1 de março de 2016 do Jornal de Letras aborda os diversos Painéis do VI Encontro de Escritores mas abaixo está transcrito apenas a parte dedicada aos Novos Autores de Cabo Verde (página 7):


A NOVA LITERATURA CABO-VERDIANA 

A Literatura Cabo-Verdiana esteve ainda em destaque numa mesa-redonda dedicada aos jovens escritores. Foi, seguramente, um dos debates mais intensos e animados, talvez por momentos de diálogo com estas características - oradores e público diversos - não serem frequentes. Ficaram visíveis as dificuldades que o panorama literário do país enfrenta, mas também as suas potencialidades, nomeadamente no campo da Literatura infantojuvenil, que tem vindo a crescer nos últimos anos. 

Carmelinda Gonçalves, Débora Sanches, Natacha Magalhães e Dai Varela deram testemunho das suas experiências neste campo, enquanto Chissana Magalhães, Dâmaso Vaz, Eileen Barbosa e Silvino Lopes Évora enfatizaram as diferenças - e ruturas - entre gerações literárias. "Para que as crianças leiam os vossos livros mais tarde, têm de começar a ler cedo", disse Carmelinda, dirigindo-se à plateia. Débora falou do poder da literatura, capaz de nos fazer imaginar um lugar antes de o conhecer. E defendeu: "É preciso criar ferramentas para os novos sobressaírem". Estudiosa da literatura infantil, Natacha Magalhães lembrou que ''não estamos a aproveitar a nossa vocação literária, nem a defender a forma como a nossa história pode ser contada". 

Para resolver este problema, Dai Varela centrou a sua intervenção em medidas que, na sua opinião, poderiam trazer muito bons resultados. "Cada livro é um tijolo no edifício da literatura", disse. "Mas esse edifício é muito frágil". Por isso, são precisos apoios para proteger as heranças e as tradições culturais. Entre outras, lançou a ideia de um Plano Nacional de Leitura, do porte pago, da isenção de impostos e do incremento de concursos literários. A discussão tornou-se mais acesa quando se falou do choque de geração. 

Chissana Magalhães abriu o tema: "Mesmo sem ser intencional, fizemos um corte com o que a geração anterior fazia, sobretudo no que diz respeito aos temas da diáspora e da insularidade." Silvino Lopes Évora, que além de investigador e poeta também é editor, não teve meias palavras: "As gerações não se entreajudam. Os mais velhos não aparecem nos lançamentos dos mais novos. Não querem saber o que fazemos". 

Dâmaso Vaz salientou antes a necessidade de cada escritor encontrar o seu lugar e percurso. "É importante um debate sobre a educação e a cultura em Cabo Verde, mas também uma análise pessoal, íntima, por parte de cada escritor", sublinhou. Síntese de todas as intervenções, Eileen Barbosa falou do seu percurso multifacetado, dentro e fora de Cabo Verde, entre as novas e as velhas tecnologias. "Durante muito tempo, não tinha consciência de estar numa ilha, por isso os meus personagens não tinham terra. Só quando fui pela primeira vez a Portugal e descobri o que era ser preta, que os meus personagens passaram a ser de cá, cada vez mais específicos". E é destas especificidades, feitas escrita e literatura, que se faz a Lusofonia. (Fim da transcrição)

NOTA DO DAI VARELA: No texto diz que lancei a ideia de um Plano Nacional de Leitura, mas na verdade lancei a ideia de se criar o Estatuto do Livro Infantojuvenil. Para conhecer melhor as propostas que apresentei no VI Encontro de Escritores click aqui


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