NOTA: Este texto faz parte da minha Monografia “Problemas Associados à Credibilidade do Jornalista/Blogueiro: estudo exploratório do blogue ‘Kriol Rádio’”, apresentada na Universidade Lusófona de Cabo Verde (01/01/2013).
Estes são os resultados do questionário. Para ver o enquadramento do mesmo click aqui
IV.2.1. Género
O estudo prova que o fenómeno
dos blogues foi assumido pelos jornalistas quase de igual forma: a divisão
entre géneros mostra que as mulheres sentem-se ligeiramente mais atraídas por
esta ferramenta com 53.3 porcento (%) enquanto os homens ficam com 46,7%.
IV.2.3. Faixa etária
Os jornalistas/blogueiros
estão, grosso modo, divididos em dois grandes grupos: entre 23 anos e 30 anos
estão seis profissionais – representando 40,0% da amostra – e entre os 31 anos
e 40 anos estão sete indivíduos (46,7%). Os dados são melhores compreendidos na
tabela abaixo:
Figura 5: distribuição das percentagens dos inquiridos por idade |
IV.2.4. Área de acção predominante nos media
Os jornalistas/blogueiros
cabo-verdianos são profissionais que actuam predominantemente na rádio, com
cinco indivíduos (33,3%), seguidos do online com quatro (26,7%), e no fim estão
o impresso e a televisão, ambos com três indivíduos (20%) cada.
IV.2.5. Tempo de criação do blogue
Apesar de recente, o fenómeno
dos blogues criados pelos jornalistas cabo-verdianos aconteceu há mais de dois
anos como mostram os nove blogues (60,0%) que foram criados dentro deste
período. Segue-se os quatro (26,7%) criados há um ano e por fim os dois (13,3%)
criados há dois anos.
IV.2.6. Primeiro contacto com os blogues
A maioria dos inquiridos
deu-se conta do fenómeno dos blogues através de alguém, como demonstram os sete
respondentes (46,7%) e de seguida foram cinco (33,3%) que tiveram o primeiro
contacto através da pesquisa na Internet. Artigo ou programa dos media foi referido por dois indivíduos
(13,3%) e houve um (6,7%) que se apercebeu desta ferramenta através de correio
electrónico.
IV.2.7. Categoria dos blogues
Oito
jornalistas inquiridos afirmam terem criado o blogue simplesmente como um
espaço pessoal (53,3% das respostas). Mas, outros encaram seus blogues como uma
extensão das suas actividades jornalísticas. É por isso que três inquiridos
(20,0%) responderam que inserem o blogue na categoria de jornalismo. Por fim um
inquirido (6,7%) afirma que seu blogue é de cultura e outro respondente (6,7%)
diz que o usa para o ensino.
IV.2.8. Frequência de actualização
O
estudo demonstra que a maioria dos inquiridos (53,3%) já não actualiza os seus
blogues e que 40,0% actualiza-o uma vez por semana. Só foi encontrado um único
caso (6,7%) que actualiza a sua página pessoal várias vezes por semana. No
quadro abaixo mostra-se o número de actualizações apontadas pelos inquiridos:
Figura 6: frequência de actualização dos blogues |
IV.2.9. Motivo para criar o blogue
São, basicamente, dois
motivos apontados pelos jornalistas cabo-verdianos para criarem um blogue: a
expressão individual é o principal com 13 respondentes (86,7%) seguido de
partilha de ideias, apontado por dois indivíduos (13,3%).
IV.2.10. Liberdade de expressão do jornalista nos media tradicionais
Foram onze os
jornalistas/blogueiros cabo-verdianos inquiridos (73,3%), que consideram que a
sua liberdade de expressão nos media
tradicionais é parcial porque com controlo. Os restantes distribuíram as suas
respostas em números iguais. Um respondeu que a liberdade é total, outro afirma
que é parcial sem controlo e outro ainda diz que esta liberdade de expressão é
nula. Cada uma destas respostas corresponde a 6,7 porcento do total.
IV.2.11.
Liberdade de expressão do jornalista nos blogues
A situação muda radicalmente
de figura quando se procura saber qual a liberdade do jornalista recorre a um
blogue. Prova disto é que 10 (66,7%) responderam que ela é total, quatro
inquiridos (26,7%) consideram que ela é parcial com controlo e um
jornalista/blogueiro (6,7%) entende que ela é parcial sem controlo. Nenhum dos
inquiridos considerou esta liberdade nula nos blogues.
IV.2.12.
Publicação de direito de resposta no blogue
A maioria dos inquiridos
(66,7%) admite a publicação do direito de resposta no seu blogue. É assim que
pensam dez dos indivíduos que responderam ao questionário. Enquanto isso,
quatro respondentes (26,7%) são contra esta opção e por fim um
jornalista/blogueiro (6,7%) não sabe ou não responde a esta questão.
IV.2.13.
Responsabilidade Criminal
Quando questionados quem
deveria ser responsabilizado criminalmente por um comentário anónimo com
conteúdo ilegal publicado no blogue, sete dos respondentes (46,7%) afirmam que
deveria ser o autor do blogue a arcar com a responsabilidade. Mas para três inquiridos
(20,0%) a responsabilidade é do autor do blogue e do autor do comentário,
simultaneamente. Por fim há quatro jornalistas/blogueiros (33,4%) que não sabem
ou não respondem a esta questão.
IV.2.14. Um blogue afecta negativamente a credibilidade do jornalista?
Para dez dos
jornalistas/blogueiros (66,7%) um blogue não afecta negativamente a
credibilidade do jornalista. Enquanto isso, quatro dos inquiridos (26,7%)
consideram que afecta pouco e um respondente (6,7%) não sabe ou não responde
esta questão.
IV.2.15. Um blogue afecta positivamente a credibilidade de um
jornalista?
Seis dos inquiridos (40,0%)
consideram que um blogue afecta positivamente a credibilidade do jornalista mas
que isto acontece numa fraca proporção enquanto cinco jornalistas/blogueiros
(33,3%) acreditam que isto acontece numa grande proporção. Para um dos
inquiridos (6,7%), um blogue não afecta positivamente a credibilidade do
jornalista e por fim, três respondentes (20,0%) não sabem ou não respondem a
esta questão.
IV.2.16. O seu próprio blogue já afectou a sua credibilidade?
Na sua maioria os inquiridos
acreditam que o seu blogue não os afectou na credibilidade. São oito
respondentes (53,3%) que responderam que o seu blogue nunca os afectou,
enquanto seis jornalistas/blogueiros (40,0%) consideram que já foram afectados
positivamente pelo seu próprio blogue. Somente um inquirido (6,7%) não sabe ou
não responde esta questão.
IV.3. Cruzamentos e análise dos dados do questionário
Os dados mostram que da
maioria dos jornalistas estudados os que criaram seus blogues há mais tempo são
também aqueles que mais abandonam esta ferramenta. Esta situação pode
demonstrar que os blogues tendem a ser considerados como um modismo e que
poderiam não estar a servir os intentos para que foram criados por esses
profissionais.
Nota-se que,
maioritariamente, são aqueles jornalistas que consideram que o seu blogue
afecta positivamente a sua credibilidade (40,0%) que já não actualizam os seus
espaços virtuais (53,3%). Este é um dado surpreendente, tendo em conta que se
admitiria que os jornalistas ao receberem um estímulo positivo deveriam manter
o seu espaço virtual.
Figura 7: frequência de actualização dos blogues |
Os 40% dos
jornalistas/blogueiros que mais sentiram que o seu blogue afectou,
positivamente, são aqueles que têm o espaço virtual há mais de dois anos
(60,0%). Este dado é revelador de que é preciso um percurso até que o blogue
seja conhecido e reconhecido como um agregador de valor para a audiência.
Figura 8: tempo de criação do blogue e afectação da credibilidade |
Entretanto, são os 60,0 % dos
jornalistas/blogueiros que criaram o blogue há mais de dois anos, aqueles que
mais abandonam este espaço (53,3%). Este dado pode indicar o “modismo” ou uma
característica passageira de utilização dos blogues. Com a popularização de
novos ambientes de interacção (Facebook e Twitter) que permitem maior
comunicação, os blogues poderão estar a perder adeptos e isto poderá estar
relacionado com o abandono dos jornalistas/blogueiros.
Figura 9: tempo de vida do blogue e o seu nível de actualização |
O estudo demonstrou que as
mulheres abandonam mais os seus blogues do que os homens e que somente as
jornalistas actualizam seus blogues mais do que uma vez por semana, como
pode-se ver pela seguinte tabela:
Figura 10: actualização do blogue tendo em conta o sexo do blogueiro |
Outro dado que notório é o
facto de os 10 blogueiros (66,7%) que considerarem a liberdade de expressão nos
blogues como total, mostram uma maior tendência para parar de actualizar as
suas páginas. São seguidos daqueles que consideram a liberdade de expressão
como parcial com controlo, enquanto aqueles que consideram-na parcial sem
controlo ainda continuam a actualizar o blogue.
Figura 11: liberdade de expressão nos blogues e sua actualização |
Pelos dados recolhidos
pode-se aferir que a blogosfera cabo-verdiana perde regularmente jornalistas/blogueiros
que a partir de um certo período deixam de actualizar os seus blogues; mas,
esse estudo mostrou também que há uma renovação constante com a entrada de
novos actores neste espaço por causa da atracção natural dos jornalistas em
expressarem as suas opiniões.