“Lares de idosos são insuficientes em São Vicente”, alerta Francisca Alves

A coordenadora do Centro de Desenvolvimento Social de São Vicente (CDS-SV), Francisca Alves, alerta que é preciso um levantamento dos idosos e seus problemas para melhor actuar. Os dois lares de terceira idade sob a sua responsabilidade recebem 23 idosos, mas este número é manifestamente “insuficiente” para as necessidades de uma ilha que conta com mais de sete mil pessoas com mais de 65 anos. 

Francisca Alves - Coordenadora do Centro de
Desenvolvimento Social de São Vicente

Actualmente existem seis empregados nos dois lares de Campinho e Ilha de Madeira para receber e cuidar de 23 idosos. Devido à elevada procura, os dois espaços estão distribuídos dois por cada quarto quando deveria ser uma por pessoa. “Temos pedidos diariamente para receber novos idosos nesses lares”, afirma a coordenadora. “Seja através dos próprios, seja de familiares que alegam já não terem capacidade para cuidar deles ou mesmo vizinhos e amigos que denunciam casos de idosos desamparados.” 

Outra grande porta de entrada nos lares é através do Hospital Baptista de Sousa. Muitos são os idosos em situação de vulnerabilidade que, depois do internamento, saem debilitados e são encaminhados para os serviços da CDS-SV pela assistência social do HBS. 

“A terceira idade precisa de mais cuidados e sensibilidade porque as famílias já não querem assumir esta responsabilidade e pensam que são as instituições que têm este dever”, afirma Alves que alerta para a necessidade de um levantamento dos idosos que vivem isolados e das suas necessidades. “Pelos meus contactos de trabalho tenho reparado que as pessoas estão a isolar os idosos e é preciso fazer um trabalho para despertar a sociedade.” 

Pensão Social

Actualmente, só em São Vicente, existem 2 mil e 52 pessoas que recebem a pensão social, entre idosos, deficientes e doentes, mas Francisca Alves garante que a maioria dos beneficiários são pessoas na terceira idade. 

Um instrumento que a coordenadora do CDS-SV acredita que irá trazer benefícios para esta franja da população é a Carta da Política Nacional para a Terceira Idade porque esta permitirá fazer um diagnóstico que dirá quem são, onde e como vivem esses idosos. 

“Com esses dados”, confia Francisca Alves, “será possível avaliar a situação e apresentar programas, actividades e infra-estruturas direccionados para esta problemática e conseguir melhores resultados”. 

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Direitos dos idosos 

Artigo 76º da Constituição da República De Cabo Verde 

1. Os idosos têm direito a especial protecção da família, da sociedade e dos poderes públicos. 

2. Para garantir a protecção especial dos idosos e prevenir a sua exclusão social, incumbe aos poderes públicos, designadamente, da Constituição da República De Cabo Verde: 

a) Promover as condições económicas, sociais e culturais que facilitem aos idosos a participação condigna na vida familiar e social; 

b) Sensibilizar a sociedade e a família quanto aos deveres de respeito e de solidariedade para com os idosos, fomentando e apoiando as respectivas organizações de solidariedade; 

c) Garantir aos idosos prioridade no atendimento nos serviços públicos e a eliminação de barreiras arquitectónicas e outras no acesso a instalações públicas e a equipamentos sociais. 

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Carta da Política Nacional para a Terceira Idade 

Assinada a 19 de Outubro de 2011 Conselho de Ministros, esta Carta é um documento orientador que estabelece as políticas públicas do Governo para os idosos e tem três eixos estratégicos que definem os programas e projectos a serem implementados: 

Primeiro, a protecção e inclusão social e o combate à pobreza, através do alargamento do sistema de contribuição da segurança social. Segundo eixo é promover a articulação das diferentes políticas sociais, criando uma rede de parceiros que auxiliam na criação de, entre outras valências, serviços de apoio domiciliar. Por fim, orienta na prioridade a dar na integração social do idoso e combate ao isolamento.