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Amadeu Cruz - Presidente Câmara de Porto Novo |
O Presidente da Câmara Municipal do Porto Novo, Amadeu Cruz, foi “sabatinado” pelos jornalistas em formação do A NAÇÃO, durante a qual pode responder a uma série de perguntas. A dívida acumulada pela empresa de distribuição de águas e os problemas de desenvolvimento do concelho foram alguns dos temas abordados pelo autarca que afirma: o Aeroporto de São Pedro devia estar no Porto Novo”.
O maior ponto fraco de PN é o mesmo de Cabo Verde: a excessiva partidarização das relações sociais. Basta ver os comentários nos jornais onlines para ver que não há um debate muito sério das questões cabo-verdianas. Temos ainda um tecido empresarial muito fraco e sem capacidade de investimento e análise, o que provoca que não exista nenhuma empresa no mundo rural e a produção do sector primário é de subsistência. Também temos uma fraca presença de quadros técnicos no concelho, bem como de alguma insuficiência de infra-estruturas básicas.
Reconheço que em termos infra-estruturas rodoviárias e portuárias estamos no bom caminho apesar de ainda faltar mais, por exemplo, a estrada de ligação com Tarrafal de Monte Trigo e o desencravamento de alguns vales, melhorias no sistema de abastecimento de água e electricidade e saneamento. Por fim, devo apontar uma fraca divulgação do marketing promocional da ilha apesar do esforço que temos feito junto com a empresa Alfa Comunicações neste sentido.
E quais são os pontos fortes?
Um dos primordiais é a pesca onde Santo Antão alberga um dos maiores pontos de pescaria do país, o banco de pesca que fica a noroeste de Tarrafal de Monte e que produz uma boa parte dos peixes consumidos em São Vicente. Outro sector é a pecuária que precisa ser explorada e utilizada as suas vastas áreas desertas que potencializam a criação de animais. No campo da horticultura estamos a intensificar a produção nos principais vales e temos ainda uma boa reserva de pozolânica que precisa ser melhor explorada. Mas acredito que o ponto mais forte desta ilha seja o turismo e que poderá transformar-se no sector mais importante do desenvolvimento da nossa economia.
Como está a situação da dívida acumulada pela empresa de distribuição de águas no Porto Novo, a APN?
O Estado não devia deixar crescer mais a dívida tomando medidas para estancar o seu crescimento. Terá que ser o poder público a pagar a dívida acumulada até agora. Para resolver o problema é preciso haver tarifas de equilíbrio de sistema que tanto podem ser de acordo com os custos actuais de sistema ou então considerando uma subvenção do Estado à produção de água. Temos que encontrar uma solução do problema de abastecimento de água na cidade mas há dois riscos: primeiro, o governo não pode deixar mais de dez mil pessoas sem água, portanto, não é possível cortar o abastecimento. O segundo risco é da credibilidade externa do Estado que é preciso defender.
O que é que a sua autarquia tem feito para incentivar a fixação de quadros e de empresas privadas no concelho?
Esta não é uma questão fácil de responder. Nós constatamos que havia um défice de quadros no Porto Novo, e Santo Antão em geral, por isso fizemos um esforço de capacitação dos quadros na ilha. Neste momento a Câmara subsidia cerca de 100 estudantes no ensino superior e temos protocolo com a Uni-CV e com escolas profissionais de Cabo Verde e do estrangeiro.
É preciso notar que a fixação dos quadros numa determinada região depende da vontade política e da existência ou não do mercado de trabalho. Portanto, a melhor estratégia a ser utilizada para fixar quadros é atrair investimentos produtivos e criação de empresas capazes de absorverem mão-de-obra para gerarem empregos. Em termos legais temos as nossas competências para fazer algumas coisas mas a política da promoção empresarial é da responsabilidade do Estado.
Em 2004 afirmou que a Zona Industrial do Lazareto (no Mindelo) deveria estar no Porto Novo. Ainda mantém esta posição?
Na altura não fui bem entendido. Se repararmos bem a Zona Industrial do Lazareto (ZIL) está praticamente dentro da malha urbana de São Vicente que é uma ilha pequena em termos de território. Enquanto isso temos aqui em Santo Antão uma extensão de terreno que vai até Monte Trigo e com possibilidade de criação de infra-estruturas aeroportuáreas que apresentam uma vantagem competitiva e económica em relação a São Vicente. Acredito que seria mais eficiente em termos económicos que Mindelo oferecesse toda a sua vivência urbana e cultural e por outro lado Porto Novo ofereceria aquilo que poderá ser um prejuízo a longo termo, em termos ambientais e urbanísticos, para São Vicente como é o caso da ZIL.
Hoje digo mais: o Aeroporto de São Pedro (ASP) poderia estar aqui no Porto Novo. Dito agora pode não parecer evidente, mas o país não precisa somente daquilo que é evidente. Pode-se constatar que o ASP não tem possibilidade de expansão porque está encravado num vale enquanto no PN há uma planície enorme onde poderia estar melhor localizado.
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Ele que venha buscá-lo
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