PRESIDENCIAIS: A disputa no Facebook | Dai Varela

5 de agosto de 2011

PRESIDENCIAIS: A disputa no Facebook

Em Cabo Verde, para ser Presidente da República já não basta subir ao palanque e discursar ou percorrer as achadas distribuindo abraços e beijinhos. Hoje, as candidaturas precisam estar na Internet. É por isso que todos os candidatos apostaram numa campanha virtual na maior rede social, o Facebook, que é também a que reúne mais cabo-verdianos neste novo universo. E nessas coisas de amizade, uns candidatos tem cinco mil “amigos virtuais” e outros têm somente oito. São as preferências… 


A batalha dos candidatos presidenciais para conseguir levar sua mensagem ao eleitorado caboverdeano há muito que saiu do mundo real e chegou ao mundo virtual. Em plena era da Internet, e se os eleitores estão conectados nesta grande teia da comunicação que é a rede social Facebook cabe aos candidatos fazerem de tudo para estarem presentes e fazerem-se notar num meio onde, felizmente ou infelizmente, todos têm a mesma oportunidade de se expressarem. Se o candidato a Presidente da República (PR) quer ter “amigos virtuais” para passar o seu slogan, ele tem que enviar um pedido de amizade e esperar que a pessoa aceite. É a democracia no seu melhor. 

Todos eles já reconheceram que não basta subir no palanque em todas as localidades espalhadas pelas ilhas e diásporas e encher os pulmões para gritarem seus argumentos ao microfone para convencer as pessoas. Tanto já reconheceram isso que todos os candidatos têm suas contas no Facebook e estão sempre actualizando suas páginas, seja com novas fotos ou frases de efeito para agrado dos muitos “amigos virtuais”. 

CAMPEÃO EM FOTOS 

E, por falar em fotos, Manuel Inocêncio Sousa (MIS), entre os candidatos, é o campeão das fotografias colocadas na rede com mais do que 542 fotos publicadas, seguido por Aristides Lima (AL) com 344 e com menos actividade fotográfica está Jorge Carlos Fonseca (JCF), com 92 fotos. Mas de todos, Joaquim Monteiro (JM) é quem parece não gostar muito de “olhar o passarinho” e fazer fotografias por isso só tem quatro fotos publicadas. 

E como quem está inactivo na rede social acaba por desaparecer, as candidaturas não param de colocar fotografias e vídeos de cada entrevista, comício ou acção de porta a porta para que todos os amigos virtuais possam saber das actividades do seu candidato preferido. 

E por falar em “amigos virtuais”, AL conseguiu tantos que há muito que atingiu o limite máximo de cinco mil e já não pode fazer novas amizades na rede social. MIS conseguiu reunir até agora dois mil 761 amigos e JM tem apenas oito na sua lista. JCF decidiu fazer uma página diferente onde não consegue fazer amizades mas onde as pessoas podem dizer se gostam e até agora cinco mil 389 pessoas já afirmaram que gostam da sua página no Facebook. 



APOIOS VIRTUAIS 


Uma das grandes vantagens desta nova forma de fazer campanha é que é possível saber a reacção, quase que de forma instantânea, dos “amigos virtuais” e potenciais apoiantes. São pessoas que reagem a cada notícia, fotos, vídeo ou palavras de ordem, o que permite ao candidato ter uma noção do impacto dos seus actos. Este tipo de feed-back é benéficas pois permitem repensar estratégias – no mundo virtual e real – e saber o que está a cair ou não no agrado do eleitorado. 

Por exemplo, Cláudio Fonseca, um dos milhares de amigos virtuais de AL afirma em sinal de apoio ao seu candidato: “Cabo Verde vive uma possibilidade de eleger um presidente sem o apoio dos grandes partidos. Só a eleição de AL nos põe nas bocas do mundo. Qualquer outra opção significa o mais do mesmo. Temos que aproveitar esta oportunidade para o nosso orgulho como povo!”. 

Mas a actividade é grande também na página de MIS, com Dionísio Gomes a demonstrar toda a sua admiração: “MIS é um homem do povo e perto dele escuta suas preocupações, Cabo Verde precisa de você camarada, força.” 

Também JCF recebe mensagens de encorajamento, como este de Luís Filipe Brandão, “Aqui em Portugal verifiquei este fim-de-semana que a candidatura está activa. Passei sábado à tarde por uma caravana organizada por apoiantes, na Ponte sobre o Tejo. Gostei de ver! Força, Forte abraço, se pudesse também ajudava”. Enquanto isso, somente dois amigos de JM deixaram comentário desejando “força” para esta caminhada. 



CANDIDATOS ON-LINE 


Para além de colocar fotos das suas acções, os candidatos também interagem com seus “amigos virtuais” e nesta disputa alguns candidatos mostram-se muito activos com diversos comentários às mensagens que recebem constantemente. É o caso de JCF que tem apostado numa acção mais personalizada procurando responder a maioria dos comentários que recebe e ainda tem tempo para dar conta do seu dia-a-dia. “Hoje à noite, depois de uma tarde de contactos em Santa Cruz a confirmarem um crescendo da candidatura, um comício na Achadinha. Vibrante, entusiástico, contagiante. Milhares com a candidatura cidadã e inclusiva, com o apoio do MPD, do GIMDS e muita gente sem partido ou eleitora tradicional de outras forças políticas”, disse ele depois de um dia de jornada. 

Já MIS e AL têm uma abordagem mais fotográfica apostando mais nas imagens para mostrar a evolução das suas campanhas enquanto JM, talvez porque entrou mais tarde na no Facebook, tem-se mostrado menos comunicativo e até agora não respondeu a nenhum dos dois comentários que recebeu. O “candidato do povo e para o povo”, como gosta de dizer de si próprio, prefere o contacto directo, através do aperto de mão, com os eleitores que vai encontrando pelo caminho. 


O QUE É O FACEBOOK 

O Facebook é uma rede social. É um site onde cada pessoa pode ter o seu perfil, ou seja, os seus dados pessoais, as suas fotos, videos, links, notas etc. 
Os membros desta rede social, como aliás de todas as outras, interagem entre si, visitando os perfis, fazendo amigos, estabelecendo contactos, deixando comentários, enviando mensagens entre si, numa palavra, comunicam. 

O site foi fundado em 2004 por Mark Zuckerberg. Inicialmente tinha como alvo apenas os estudantes da universidade Harvard, mas progressivamente foi permitindo a inscrição de estudantes de outras escolas até que em 2006, estava disponível para todos. 
O Facebook é usado por vezes por empresas para recrutamento de empregados, mas também existem empresas e mesmo repartições do Estado em alguns países que bloquearam o acesso ao site nas instalações. 
Mais do que um instrumento, o Facebook é um vício a que poucos hoje em dia conseguem resistir.




Publicada (também) no Jornal A NAÇÃO N.º 205 de 04/08/2011








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