Por que foi, mesmo, revolucionária a invenção da tipografia? | Dai Varela

6 de junho de 2011

Por que foi, mesmo, revolucionária a invenção da tipografia?


RESENHA

Nos séculos XIV e XV, com a expansão das urbes na Europa e na ânsia de satisfazer o mercado criado pelas universidades, houve a necessidade de agilizar o processo de impressão dos livros e com a pressão do capitalismo e da classe burguesa, tornar esses mesmos livros mais rentáveis. A invenção da tipografia por Gutenberg vêem revolucionar o mundo dos livros, tanto ao nível da forma como eram feitos como do local onde eram produzidos.


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Em meados do século XV lançou-se as bases para a emergência da função do Editor, sobretudo com as inovações técnicas nas reproduções xilográficas. Essas novas técnicas não se evidenciaram de imediato, nem nos conteúdos dos livros nem nos objectos produzidos, pois ainda se editava e imprimia os códexes medievais, com estes a serem o mais idêntico possível aos originais. Verificou-se, sim, nos processos de fabrico que demandavam novos saberes, novos métodos, novas relações económicas e novas sociabilidades.

Com o progresso da tipografia e juntamente com a vontade em arriscar fórmulas editoriais, o editor criou novas tipologias, novos formatos, novas ilustrações xilográficas, etc., procurando o seu público-alvo em duas direcções: na busca do texto original (para servir aos estudantes e eruditos), e, produzindo livretes, livrinhos e folhetos (para servir ao público leigo que se formava nas cidades e arredores).

O trabalho dos impressores-editores, já no séc. XV, é um facto cultural transformador da sociedade europeia dominada pelo poder da Igreja, domínio ameaçado pela ousadia dos editores em imprimir a Bíblia e torná-la directamente acessível a grande número de leitores, tanto em latim como em vernáculo. Os editores, impressores e livreiros passam a ser estreitamente vigiados não só pelas igrejas, mas por uma regulamentação cada vez mais rigorosa sobre os ofícios do livro, e muitos “não puderam evitar pagar com sua vida as ousadias contidas nos livros que editavam ou vendiam”, muitas vezes queimados com eles nas fogueiras da Inquisição. 

O aspecto mais revolucionário da invenção da tipografia de caracteres móveis pela criação da “escrita mecânica” de Gutenberg foi sem dúvida a mudança do espaço social da produção do livro – saindo das abadias medievais onde os monges copistas e antiquários produziam no isolamento de seus scriptoria, para passar a serem feitas nas oficinas operadas por mãos laicas e artesãs que procuravam obter maiores lucros, produzindo em maior quantidade.

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Resenha do texto:
Por que foi, mesmo, revolucionária a invenção da tipografia?
O editor-impressor e a construção do mundo moderno.
Aníbal Bragança - (Instituto de Arte e Comunicação Social/Universidade Federal Fluminense)

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