Como Analisar um Discurso (parte 1) | Dai Varela

31 de outubro de 2010

Como Analisar um Discurso (parte 1)

Então já tens o teu discurso e não sabes o que fazer com ele? Eu estou colocando essas dicas aqui no blog para ajudar. Atenta que essa é minha forma de proceder, não é a mais certa nem a mais errada. Há outras formas de proceder para se chegar ao mesmo resultado. Procura a tua!

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1. Para analisar é necessário definir o que é analisar, certo? Então vamos lá ao dicionário. Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora:
Analisar, v. tr. fazer a análise de; examinar com atenção; criticar. (De análise)
Análise, s. f. acção ou resultado da acção de analisar; exame de uma coisa, parte por parte; crítica de uma obra; decomposição de um todo nos seus elementos (...)

2. Agora que sabemos a definição o próximo passo é ler o texto com atenção usando as técnicas de leitura apreendidas nas disciplinas de Técnicas de Expressão Escrita e Metodologia de Análise de Texto e do Discurso.

3. Antes de começar a criticar o discurso, deve-se localizá-lo no tempo. Dependendo da época em que foi escrita, a linguagem e/ou a intenção pode variar.

4. Ao analisar um discurso, deve-se, tanto quanto possível, fazer-se uso da intertextualidade, ou seja, usar outros textos como suporte para criticar o discurso ou para sustentar a tua opinião.

5. Atenção ao texto que irás escolher como discurso. De novo precisamos saber a definição. Voltando ao nosso Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora:
Discurso, s. m. acto ou efeito de discursar; exposição de ideias em público ou escritas como se tivessem de ser ditas em público; oração; fala oratória; dissertação (...)

De notar a chamada de atenção para oração, porque o discurso não tem que ser um texto enorme. Escolher um texto com que te identifiques irá te trazer melhores resultados, pois terás que emitir a tua opinião.

6. Discursar é comunicar e comunicar é, regra geral, a tentativa de convencer alguém a praticar uma acção. Procure identificar o propósito ou objectivo do autor.

7. Quando fazemos afirmações, descrições, relatos, etc., pretendemos que as nossas palavras representem a realidade, o mundo. Ou seja, pretendemos que as nossas palavras se ajustem ao mundo como ele é. Procuramos um ajusto das palavras ao mundo. A direcção de ajuste destes actos é portanto das-palavras-ao-mundo [...]*. Procure exemplos no discurso.

8. Quem promete algo, exprime a intenção de fazer algo. Quem ordena ou pede algo, exprime a vontade de que esse algo se faça. Quem afirma algo, exprime a crença de que esse algo é verdadeiro. Intenção, vontade, crença são algumas das atitudes ou estados psicológicos sem os quais o acto [...] não seria sincero*. Opina sobre a sinceridade ou não do discurso.

9. A teoria das implicitações [...] assenta numa distinção fundamental: a distinção entre dizer e implicitar, entre o dito e o implicitado (ou entre o dito e a implicatura)*. Procure no texto casos em que o autor diz algo implicando outra coisa diferente.

10. As pressuposições, quando [o autor] através do que diz, pode dar a entender algo mais ou algo diferente daquilo que diz, embora não tenha dito, é atribuível ao [autor], algo que ele é responsável; poderíamos chamara-lhe a distinção entre aquilo que [o autor] diz e aquilo que lhe é atribuível (por ter dito o que disse)*.

*Lima, José Pinto de, Pragmática Liguística, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Editorial Caminho, 2006

Espero que essas dicas sirvam para que possam produzir boas análises de discursos.

OBS.: Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora:
Hegemonia, s. f. supremacia de uma cidade, povo ou nação sobre outras cidades, povo ou nação; fig. supremacia (Gr. hegemónico)





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