Ganhei forças sem saber como e empurrei-o, atirando-o para fora da cama. Eu não queria que Nunin visse-o em cima de mim. Mas ele queria continuar, mesmo em frente ao Nunin. Corri para a porta e abracei-o tão forte que até ouvi-o gemer. Agora eu não chorava. Furioso, ele deu um passo na nossa direcção com uma cara de meter medo, mas parou. Desistiu. Deu meia volta e foi procurar as suas roupas. Mas antes de sair, ameaçou-me:
-Se tu disseres à alguém alguma coisa do que se passou aqui, eu mato-te de porrada e depois ponho-te na rua para morreres à fome – eu tremia de medo, mas continuava calada – e depois ninguém iria acreditar em ti. Saiu do quarto vestindo-se apressadamente e voltou a sair para a rua.
Fui levar Nunin à cama e fiquei observando mamãe dormindo, sem sequer sonhar com o que estou passando esta noite. Regressei ao meu quarto. Fiquei parada a observar a cama toda ela desarrumada. Só de tocar nela sentia meu corpo estremecer. Puxei o único pano que tinha na cama e vi gotas de sangue. Era como que uma confirmação de que tudo não havia sido um terrível pesadelo. Minhas pernas perderam as poucas forças que lhes restavam e eu caí no chão. Fiquei deitada no chão, parada, com as lágrimas a saírem-me dos olhos mas sem forças para chorar. Senti que ia vomitar, mas não tive vontade de tentar impedi-lo ou de me levantar. Pensamentos atrozes assaltavam minha cabeça: o que fazer, a quem contar, e o meu namorado que tanto insistiu comigo… - o que pensará de mim agora? E o mais doloroso de tudo, será que um dia perdoarei ao homem que me fez isto? Meu Deus quanta vergonha!
Capítulo 6 ... Capítulo 8