Do diário da Isabel dos Santos | Dai Varela

23 de dezembro de 2012

Do diário da Isabel dos Santos

Hoje estou feliz porque comprei mais uma empresa. Desta vez em Cabo Verde. Sempre que meus amigos falavam destas ilhas era ver aqueles olhos luzindo ao explicar as praias de areia fina e água morna, falavam também daquela coisa chamada ‘morabeza’ que só vim a conhecer depois que cá cheguei. Lembro-me do dia que aterrei e a primeira expressão em crioulo que aprendi foi: “um cre comprá” [quero comprar]. Comecei a apontar o dedo e a escolher as empresas com que iria jogar meu monopólio privado. 


Lembro-me que chegava após o Carnaval de notícias desencontradas que foi a minha entrada na “board” da Telecom portuguesa como administradora não-executiva em Fevereiro de 2012. Ou seja, assumi o controlo daquilo sem a chatice de estar lá para decidir coisas pequenas. Ainda bem que levei comigo meu homem de confiança, o Miguel Martins, que por acaso é director-geral da Unitel. Somos todos amigos e nossos interesses misturam-se de tal forma que às vezes me confundo acerca de quem gere o quê. 

Por exemplo, tenho 25 porcento da Unitel e a Portugal Telecom detêm outros 25% das acções desta empresa. Sou administradora não-executiva da PT e o director-geral da Unitel faz parte da administração da PT. Confuso? Também eu estou. Mas, para fechar, a Unitel tem como um dos accionistas a empresa petrolífera estatal angolana, Sonangol, da qual sou sócia. 



Essas coisas são complicadas por isso que escrevo no meu diário. Entretanto, quando cheguei em Cabo Verde e notei que o capital da CVTelecom encontra-se dividido pela Portugal Telecom (40%), Instituto Nacional de Previdência Social (37.9%), Sonangol (5%), Particulares (8.7%), Trabalhadores (5%) e Estado (3.4%), percebi que tenho minha parte lá também. Entendam, de acordo com a revista Forbes tenho mais de 500 milhões de dólares na minha conta bancária e não ando com uma calculadora e um bloquinho de notas para me lembrar que meus investimentos perfazem 45% da Cabo Verde Telecom (CVT). 

Depois ouvi dizer que quase todos os crioulos têm um telemóvel e percebi que apenas uma empresa de telecomunicações era pouco neste arquipélago. Apontei o dedo e disse “um cré comprá”. E foi assim que a empresa T+, que detêm 25% do mercado dos telefones móveis, torna-se minha. Agora chama-se Unitel T+ porque foi comprada através da Unitel Internacional que é uma plataforma de investimento do grupo Unitel que não é participada pela Portugal Telecom. Mas é minha. 

Isto, sem esquecer que a Unitel tem como um dos accionistas (25%) a empresa petrolífera estatal angolana, Sonangol, da qual também sou accionista. Acho que já tinha dito isso. Será que foi por causa disso que fui eleita pela Forbes de Novembro de 2012 como a segunda mulher mais rica de África? 

Vou escrever no meu diário só para não me confundir: comprei a T+ através de uma empresa que tem a Sonangol como accionista e que ao mesmo tempo é accionista da CVTelecom. Sou, também, administradora não-executiva de uma empresa (PT) que é accionista da CVT e que é acicionista da Unitel (da qual a Sonangol é uma das donas) que é dona da T+ e estão ambos no mercado nacional cabo-verdiano. Completo! 

Agora preciso de uma companhia aérea para me deslocar entre as ilhas e um banco para guardar os lucros desta concorrência sadia entre as minhas empresas.

PS: após publicar recebi a dica para esperar a chamada do advogado da Isabel dos Santos.
  1. hahaahahhahahahahahaha..
    Mim já bô matam Dai....sse kê cabala de conspiração....
    Brob

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  2. No fim nós é k é fud!d; hehehe
    Bom artigo

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  3. Muito bom :)... Mas ela nao é acionista da Sonangol. O Miguel Martins foi para o CA da Zon depois de ser CEO da Unitel durante 3 anos

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