Chullage: Hip-hop é ferramenta de educação | Dai Varela

10 de janeiro de 2012

Chullage: Hip-hop é ferramenta de educação

Chullage, nome artístico de Nuno Santos, é um rapper português filho de pais caboverdeanos que esteve recentemente em São Vicente numa partilha de experiência com os rappers da ilha. Administrador de uma associação de apoio social na Arrentela (Portugal), este activista tem actualmente dois álbuns editados e durante a sua estada incentivou os jovens a usarem o hip-hop com ferramenta de educação. 

Chullage - Um rapper não é suposto
ser uma montra de metais e nem 

mesmo uma boca que só fala porcarias
Chullage afirma que veio para Cabo Verde com intenção de provocar, não de trazer uma verdade absoluta. “Queremos que as pessoas questionam porque no Universo não existe só um lado, mas também não existe o lado bom ou o lado mau. Acredito que existe o lado bom e o mau”. Com uma mensagem forte, o rapper incentiva os jovens a intervirem nas suas comunidades porque “há várias formas de estar no hip-hop” e uma delas é estar permanentemente a questionar. 

Por causa desta capacidade que o hip-hop tem de sintetizar, de redimensionar e recontar é que Chullage apela para seu uso “como ferramenta de educação” nos bairros e não só como uma forma de afirmação de quem canta. “Um rapper não é suposto ser uma montra de metais e marcas ou outras paranóias e nem mesmo uma boca que só fala porcarias. Ele deverá ser um transmissor de mensagens dos nossos ancestrais”, afirma este jovem que nasceu em Lisboa no ano de 1977 e que foi criado no “Asilo 28 de Maio”, no Monte de Caparica (Portugal) onde nasceria seu gosto pelo rap. 



Criar hip-hop com discos antigos de Cabo Verde 

A proposta de Chullage é que os rappers crioulos devem chegar nas prateleiras cheias de pós dos seus avós e levar todos os discos para “samplear”, ou seja, manipular os sons para criar novas e complexas melodias ou efeitos. “Mas em vez de levarmos os discos de soul music americano”, defende o rapper que deve-se levar “os discos antigos do Ildo Lobo, Cesária Évora ou África Star.” Isto porque muitos rappers fazem beat com música clássica mas para ele a nossa tradição incorpora músicas de Cabo Verde, da Guiné-Bissau ou de Angola que podemos e devemos apostar nestas heranças para fazer hip-hop crioulo e ultrapassar esta fase em que não valorizamos nossa cultura. “Por exemplo, já cheguei na Holanda e encontrei discos antigos em casa de familiares que queria trazer comigo e não tinha espaço. A solução foi deixar as roupas lá e metê-los na mala porque estes sim, são um património.” 


"Conhecer" Vasco Martins através do hip-hop

“Podemos pegar num disco do Vasco Martins e a partir deste fazer um grande hip hop e neste momento acontece uma coisa incrível: jovens que não conheciam este compositor têm um primeiro contacto e descobrem que até gostam deste estilo”, assegura. Para Chullage isto fará com que queiram descobrir Vasco Martins porque esta é uma das vertentes dignas do hip-hop. “É aquilo que chamamos ‘cavar a sepultura’, que é uma metáfora para designar o acto de pesquisar os discos e re-inventar e renovar músicas”, explica o autor do álbum de originais, "Rapresálias (Sangue Lágrimas Suor) ", lançado em Julho de 2001 e que tornou-se a primeira edição independente de rap português a ultrapassar três mil discos vendidos. 

Chullage no Mindelo - Há várias formas de
estar no hip-hop e uma delas é
estar permanentemente a questionar

Mas também ele tem consciência que muitos se erguerão gritando que isto é copiar, que é violar os direitos de autor. “Mas digo-vos que não, porque isto é homenagear esses autores”, argumenta, “se calhar minha filha não ouviria certos compositores se não fizesse uma re-interpretação desses artistas e continuaria a ouvir somente a Lady Ga-ga na televisão.” O rapper acredita nessa capacidade do hip-hop de trazer a nossa história e de transpor aquilo que foi dito há anos atrás de uma realidade para outra. “Desta forma quando um jovem ouve hip-hop estará ouvindo também morna, coladeira ou finaçon, por exemplo”, garante Chullage que lançou em Abril de 2004 o disco duplo "Rapensar (Passado Presente e Futuro)", tendo sido eleito o álbum do ano pelos leitores da revista portuguesa “Hip Hop Nation”. Neste momento está a trabalhar o terceiro disco que estará no mercado este ano.




  1. E o que saiu deste encontro com rappers da ilha?
    Antes ouvia Kid, um jovem rapper de Portugal que samplava músicas de artistas como Carlos do Carmo, músicas realmente boas. E quando vejo artistas cabo-verdianos a samplar determinadas músicas americanas perguntava: mas com tantas boas músicas que temos em CV, este jovens não sabem aproveitar coisas boas? Agora poucos o fazem. Mesmo assim, espero que estes jovens de SV tenham aproveitado Chullage e aprendido que não é só músicas estrangeiras que são boas.

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  2. Manera Dai. Um ta espera q ess one nove tenha entrode que tcheu cosa bom e tcheu esperança.
    Um tive na SV e mim ma bô encontra um dia na rua ma infelizmente um ca pude falá ma bô e trocá uns ideia ma ta fcá pa próxima,cond um bai q mash calma pa SV.
    Jam txeca q bô ta curti fazê um cosa diferente e um ta espera tcheu cosa diferente pa bô blog ness 2012,ma sem mudá irreverência forte dess blog q tá fazem voltá li tud dia pa txecá algum novidade.
    Nha proposta era um post de Victor Duarte,rapper de Lod Escur q ta estod na Dinamarca atualmente e q tem fet mute cosa bom e positivo pa Hip-Hop Criol ma por ele estod fora de terra,ca tem sido mute falod(apesar q sish som ta tocá na SV)
    Tá fcá li ess dica e um ta espera q bô ta leval pa frente.

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  3. ora aí está um bon exemplo...... boa intervenção tropa!!!! big up soulder....

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  4. obrigado o artigo ta nice vou passando no teu blog

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  5. Ya , rap crioul na mund tem tcheu , fora kisomba que rap na el , e mistid fazê mês rap baseod na música cab verdion ,
    chulla nha broda li na lixboa e nigga sabe o quel Tita dze ....
    Em ten esperança na tud juventude crioul pá ca tcha nos herança cultural morre e pega construi mas driba do que já no tem .
    Cumprimentos de Lisboa ,Portugal.

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  6. Criss Dreadlockss Dreadlockss14 de janeiro de 2012 às 17:04

    nao ah palavras para que cheguem para descrever o mensageiro do guetto..R.E.G para todo o sempre.

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  7. @Criss Dreadlockss Dreadlockss
    mesmo meu irmao, pela mensagem verdadeira e educada que ele transmite SEMPRE SEMPRE

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