Maria Zinha realiza cinema numa cadeira de rodas no Mindelo | Dai Varela

26 de junho de 2011

Maria Zinha realiza cinema numa cadeira de rodas no Mindelo

Maria Zinha
Maria Zinha Miranda Andrade é uma mindelense de garra. Formada em rádio e televisão, ela sempre teve o bichinho do cinema dentro de si e foi esta uma das razões que a levaram a inscrever-se no curso de pós-graduação em Cinema do M_EIA. Uma experiência que levou ao fim, com 20 valores, apesar de presa a uma cadeira de rodas.




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Na sua cadeira de rodas e durante os meses em que decorreu a formação, Zinha - como é mais conhecida -, precisou de ajuda para chegar à sala de aula. No fim, terminou o curso com distinção. “Sempre gostei de cinema e desde pequena que sou apaixonada pelo sétima arte”, diz Maria Zinha Andrade que fala dos tempos em que pai e o avô a levavam de mãos dadas para assistir as exibições no grande ecrã.

O curso de pós-graduação que formou Maria Zinha decorreu no Mindelo durante quatro meses e foi realizado no Instituto Universitário de Arte Tecnologia e Cultura (M_EIA). Esta pós-graduação não seria motivo de grande interesse se Maria Zinha não estivesse numa cadeira de rodas e não tivesse passado durante todo esse tempo a subir e a descer as longas escadas que dão acesso ao M_EIA, no piso superior onde outrora funcionou o Liceu Jorge Barbosa (Liceu Velho).

“Fiz esta pós-graduação em grande parte por causa da boa vontade dos meus colegas e pessoas do M_EIA”, diz Maria Zinha em reconhecimento da ajuda que recebeu de todos os que se dispuseram para, todos os dias, subirem e descerem as escadas com ela na cadeira de rodas. “Se não fossem eles, eu realmente não teria conseguido. Foi por causa da boa vontade dos meus colegas é que me empenhei mais”.


CUMPLICIDADE MASCULINA

Durante o tempo em que durou o curso, três homens carregavam-na escada acima e depois outros três faziam o percurso inverso, sempre homens, porque, apesar das mulheres também se oferecerem, diz sorrindo a nossa realizadora, que “enquanto houver força masculina, vamos preservar as nossas mulheres”.

Mas o reconhecimento também vem da direcção daqueles que acompanharam esta amante do Cinema durante o curso. É o caso de Celeste Fortes, coordenadora-executiva do curso, que fala de um empenho extraordinário de Maria Zinha, “tanto pelo esforço físico como pela sua entrega diária” nas aulas e nas actividades do curso. “A presença de Maria Zinha trouxe-nos a todos a certeza de que os objectivos e as metas pessoais que desejamos alcançar depende em grande parte da nossa capacidade de entrega e dedicação ao trabalho”, releva Fortes.


PROBLEMAS DE ACESSO

Maria Zinha partiu para o Brasil em 1975 e por lá passou 15 anos. Trabalhou no jornal Folha de São Paulo e na Rede Globo de Televisão e hoje enfrenta grandes dificuldades para integrar-se na área da Comunicação Social (CS) na sua ilha por uma razão muito simples: dificuldade de acessibilidade nos edifícios onde funcionam os media em São Vicente. “A maior dificuldade são as escadas”, aponta com alguma tristeza ao notar que todos os prédios têm escadas e não têm outra forma de acesso. 


DISTINÇÃO

“Ainda estou para descobrir o que fazer com o curso. Estou numa espécie de fase de maturação antes de decidir”, diz Zinha, sorrindo. “O curso foi mais do que aquilo que estava à espera porque uma coisa é gostar de Cinema e outra bem diferente é conhecer a linguagem do Cinema, os planos e a forma de sincronizar uma trilha sonora. Gostei muito!”, remarca Zinha.
Para o trabalho de final de curso, Maria Zinha escreveu o roteiro e realizou um documentário sobre a Igreja de Nossa Senhora da Luz e também sobre toda a movimentação que se vive à volta dela. Diz que recebeu boas críticas mas na autocrítica procurou ser um pouco mais dura. “Penso que ficou bem mas acho que poderia ter ficado melhor porque uma pessoa nunca deve ficar satisfeita com o seu trabalho”.
Sobre os planos futuros, Maria Zinha diz não ter nada na forja, para além de tentar conseguir um trabalho. Quando já me preparava para sair do Instituto, Maria Zinha diz-me feliz que terminou o curso com a nota de 20 valores.


O CURSO

O curso de pós-graduação em Cinema e Audiovisual, o primeiro realizado pelo M_EIA, começou a 21 de Janeiro e terminou a 21 de Maio. Nele participaram 21 alunos: 16 de Cabo Verde, um de Portugal, um do Brasil, dois de Moçambique e um do Senegal. Todos puderam durante o curso conhecer quase todas as áreas do cinema e do audiovisual, desde a dramaturgia e roteiro, passando pela música e animação/story board.

“Foi um curso intenso que ficará na história da educação e do cinema em Cabo Verde”, afirma Celeste Fortes. Isto porque, por um lado, por ter sido o primeiro com um nível elevado de internacionalização, na medida em que com excepção de Leão Lopes, todos os outros 15 professores vieram do Brasil, em resultado de o curso ter sido uma parceria entre o Ministério da Cultura do Brasil, através da Fundação Palmares, e o M_EIA. O curso foi aberto a alunos provenientes de outros países, que compõem a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e com os quais Cabo Verde mantém relações de trocas culturais.


Publicada (também) no jornal A NAÇÃO 

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