Em Conversa com: Germano Almeida (Escritor) [parte 2] | Dai Varela

25 de fevereiro de 2011

Em Conversa com: Germano Almeida (Escritor) [parte 2]


Se pagassem para escrever, qualquer um podia ser escritor?

Germano Almeida
Acho que não (risos…). Acho que não é propriamente um trabalho. Existem escritores profissionais, mas são aqueles que têm vocação. Alguns não têm mas decidem ‘vou ser escritor’ e insistem e treinam e chegam lá. Conheço a história de muitos escritores que diziam ‘eu quero ser escritor’. Henry Miller por exemplo foi um escritor laborioso, o próprio Hemingway não é um escritor espontâneo. São escritores que sentem-se a frente da secretária e dizem ‘tenho que estar aqui oito horas por dia e tenho que produzir x páginas. Se não produzir não saio daqui.’ Bom… transformam isto numa profissão, mas mesmo assim tem-se que ter uma vocação.


Tem um ritual de escrita? 

Não, não tenho nenhum ritual de escrita. Escrevo quando me apetece e quando tenho algo sobre que escrever. Não sou capaz de dizer ‘hoje vou escrever uma página, ou duas ou seja o que for’, nem sento-me diante do computador e fico a espera que apareça a inspiração. Tenho coisas muito mais importantes para fazer do que escrever. Escrever para mim é um hobby. Tenho muito prazer em escrever – confesso – mas escrevo só se tenho uma história para contar.


Actualmente poderia viver somente dos lucros dos seus livros? 

De forma nenhuma. Nem nada que se pareça. Há tempos uma jornalista – que achei um bocado maluca – disse num órgão de comunicação ‘o escritor Germano Almeida é o único escritor caboverdeano que vive de direitos de autor’, eu disse ‘olha, passa para aqui aquilo que andam a receber por mim’ (riso…).


Isso de ser escritor parece-me um trabalho fácil… 

(risos…) Você já tentou escrever? Isso não é um problema de ser fácil ou difícil: é você ter ou não ter o que dizer. 


Mas é um trabalho leve. No fim do dia não têm o corpo cansado. 

Oh… tem sim. Repare, o trabalho intelectual e sempre sentado na mesma posição cansa. Às vezes cansa mais do que um trabalho manual. Não quero dizer que seja um trabalho pesado… mas também não é leve. 


Se tivesse que fazer um seguro de trabalho seria para quê? 

Seria para tendinite e problemas de coluna. 


Vamos falar de mulheres? 

Perguntas sobre mulheres são muito complicadas. Muitas das coisas que escrevemos – mesmo quando escrevemos na primeira pessoa – são coisas que chegam até nós vindo de outras pessoas. Acho que seria quase impossível eu ter tido todas as mulheres de que falo nos meus livros. São histórias ficcionadas. 


Tinha muitas namoradas na Boavista? 

Naquela altura um fulano não arranjava uma namorada por dá cá aquela palha. E depois arranjar namoro na Boavista era muito complicado. Você tem que ler aquele livro meu A Ilha Fantástica para aprender como naquele tempo namorar não era brincadeira. 


Na sua adolescência era bom aluno? 

Sim, era bom aluno mas obrigado. Eu tinha muito medo de levar pancada da professora pois ela era terrível e não brincava em serviço. Obrigou-me a ser bom aluno. 


Por medo de apanhar pancada? 

Medo de levar na mão e levar de vara. A professora institui-me como sua ajudante. Eu é que tomava a lição aos meus colegas e tinha o poder de lhes dar na mão. 


E gostava deste poder? 

Não. Detestava esse poder porque a professora obrigava-me a dar-lhes na mão e depois eles davam-me pancada (risos…).


  1. oi varela, um curti bo blog... continua ... beijocas , boas ferias, agora é samba no pe, hahahahah

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  2. Ahh Sam's, já bo te gostá de bo Carnaval. samba txeu. bijim

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